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Qualidade dos alevinos de tilápia

Aos olhos de um produtor iniciante os alevinos parecem ser todos iguais. Assim, a compra geralmente é decidida no preço. Porém, o produtor experiente logo percebe as diferenças entre os alevinos de um e outro fornecedor: condição geral do peixe, uniformidade de tamanho, crescimento, sobrevivência e no desempenho produtivo.

Alta sobrevivência na primeira semana pós-transporte – este é um importante indicativo de como os alevinos foram produzidos, manuseados e preparados para o transporte. Alevinos bem nutridos, criados em água de boa qualidade, livres de parasitos e doenças e adequadamente manejados e depurados são mais tolerantes e apresentam alta sobrevivência após o transporte. Estes alevinos também se sobressaem em desempenho desde o início do cultivo.

Tamanho compatível com a necessidade de reversão sexual – alevinos de tilápia normalmente chegam ao final da reversão sexual (28 dias de tratamento com hormônio) com tamanho de pelo menos 3 a 4cm. Lotes de alevinos com tamanho menor do que 2 a 3cm ao final da reversão, geralmente apresentam alto percentual de fêmeas no lote. Peixes pequenos assim podem ter sofrido privações nutricionais, infestações por parasitos, exposição à água de má qualidade ou foram demasiadamente adensados. Todas estas condições prejudicam a qualidade e resistência dos alevinos e podem comprometer os resultados da recria e engorda.

Eficiência da reversão sexual – lotes de alevinos bem revertidos apresentam mais de 98% de machos. Os principais fatores que determinam a eficiência da reversão sexual são: a qualidade do hormônio e a forma de administração; a qualidade da ração e o manejo alimentar; a qualidade da água; ocorrência de doenças ou infestações por parasitos; e diversas estratégias auxiliares no manejo durante a reversão sexual. O produtor só perceberá a má qualidade da reversão quando os peixes atingem 200 a 300g e é possível visualizar as fêmeas no lote e a presença de pós-larvas e alevinos nos tanques de cultivo. Os produtores de alevinos devem monitorar a eficiência da reversão, enviando amostras de alevinos para laboratórios capacitados para fazer a análise microscópica das gônadas.

Uniformidade de tamanho – antes da venda os alevinos devem ser classificados por tamanho. Isso contribui para um desenvolvimento mais homogêneo na primeira etapa da criação. Esta uniformidade por si só não é garantia de aquisição de alevinos de qualidade. No entanto, o recebimento de alevinos de tamanho uniforme indica o esmero do fornecedor no preparo dos alevinos e no atendimento ao cliente. Capricho assim na hora da venda pode indicar quão cuidadoso o fornecedor é na produção.

Cultivo de tilápias em tanques de terra

Quando cultivadas em tanques escavados (tanques de terra ou viveiros) e o produtor é capaz de promover a formação do plâncton (manter a água verde), as tilápias apresentam rápido crescimento e há uma considerável economia na alimentação. O plâncton é um alimento natural formado por organismos muito pequenos, em sua maior parte as algas. Este alimento possui alto valor nutritivo e é eficientemente aproveitado pelas tilápias. No entanto, quando se pratica um cultivo comercial, o plâncton sozinho não consegue sustentar a biomassa de peixes estocada, sendo necessário também o fornecimento de ração. Procure saber mais sobre qualidade de água e como formar, monitorar e manter uma boa quantidade de plâncton lendo livros, participando de cursos e trocando informações com produtores mais experientes.

Uma grande dificuldade com tilápias nos tanques de terra é a despesca – As tilápias são extremamente hábeis em evitar a rede de arrasto, escapando por baixo (deitam sob a tralha de chumbo) ou mesmo saltando sobre a rede quando são encurraladas próximas aos taludes dos tanques. Redes adequadas, tanques com fundo firme e experiência dos funcionários ajudam muito nas despescas.

Produção em duas ou três etapas –Quando o cultivo inicia com alevinos pós-reversão (0,8 a 1g) são recomendáveis três etapas. Se o início é com juvenis de 20 a 30g, duas etapas são suficientes para produzir tilápias de 0,8 a 1kg. No quadro a seguir são resumidos os parâmetros de estocagem e desempenho esperado na criação de tilápias em tanques escavados sem renovação de água e sem aeração.

(1) O tempo de cada fase pode variar em função: da qualidade do alevino; da qualidade da ração e do manejo alimentar; da temperatura média da água (quanto mais frio, mais lento o crescimento); da densidade de estocagem; da qualidade da água; entre outros fatores. (2) Sem aeração e renovação de água, a biomassa final deve ficar entre 600g/m2 (Etapa 1) e 1.000g/m2 (Etapa 3). Acima de 800 a 1.000g/m2 são necessários aeração (5 a 10HP/ha) e renovação de água de 5 a 20%, sendo possível atingir biomassa de 1.500 a 3.000g/m2. (3) A conversão alimentar depende da qualidade da ração e do manejo alimentar; da disponibilidade de plâncton; da densidade de estocagem; da genética da tilápia; da temperatura e da qualidade da água, entre muitos outros fatores. (4) Muitos produtores preferem iniciar o cultivo com juvenis de 20a 30g, eliminando a Etapa 1.

Densidade de estocagens – devem ser ajustadas de acordo com o peso médio final desejado em cada fase, bem como em função da disponibilidade de aeração e renovação de água. O produtor iniciante deve optar por uma estocagem moderada (ver o quadro anterior) e monitorar a qualidade da água ao longo do cultivo, para ver se é possível otimizar a estocagem nos cultivos seguintes.

Classificação dos peixes –Entre uma etapa e outra os peixes são classificados por tamanho, usando classificadores de barras. A última classificação deve ser feita com peixes ao redor de 200g. Classificar peixes maiores é um trabalho duro para os funcionários e para o próprio peixe, e pode resultar em grande mortalidade.

Cultivo de tilápias em tanques rede

A crescente demanda no mercado internacional e sua popularização no Brasil têm estimulado a expansão dos cultivos da tilápia em quase todo o país. Em diversas regiões há a possibilidade de uso de grandes reservatórios e açudes (públicos ou particulares) para o cultivo de tilápias em tanques rede.

Três princípios básicos da tilapicultura em tanques-rede

Ração de alta qualidade – em tanques-rede as tilápias devem receber rações nutricionalmente completas. Isso otimiza o desempenho, mantém boa saúde, confere resistência ao manuseio e transporte vivo e proporcionar lucro ao investidor. Rações de baixa qualidade resultam em baixo desempenho, deficiências nutricionais, queda na resistência dos peixes às doenças e ao manejo, além de mortalidade crônica.

Adequada qualidade da água– na seleção dos locais para instalação dos tanques-rede a qualidade da água deve ser bem avaliada. Nos grandes reservatórios o produtor nada pode fazer para corrigir a qualidade da água. Assim, esta tem de ser naturalmente compatível com as necessidades de conforto dos peixes.

Qualidade dos alevinos e juvenis – além de uma boa genética, os alevinos e juvenis devem ter um histórico de produção marcado pelas seguintes condições: a) adequada nutrição; b) manutenção de boa qualidade de água durante todo o cultivo; c) ausência de doenças; d) adequados protocolos e execução da reversão

sexual; e) cuidadoso manuseio na despesca, classificação e depuração; f) uso de técnicas e equipamentos adequados para o transporte.

Produção em duas ou três etapas

No quadro a seguir há recomendações de estocagem (DE), malha das redes e tipo de ração, e a expectativa de conversão alimentar (CA) e duração (DIAS) das etapas de criação em tanques-rede na região sudeste do Brasil. Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste o crescimento é mais rápido e a conversão alimentar é melhor, devido às temperaturas mais elevadas. Muitos produtores iniciam o cultivo com juvenis de 30g, saltando a Etapa 1.

 

 

 

Classificação dos peixes – Por volta de 15 a 20 dias da Etapa 1, o produtor deve classificar os alevinos, eliminando os peixes pequenos que não se desenvolveram. Ao final da Etapa 1 e da Etapa 2 os peixes são novamente classificados. Dê preferência ao uso de classificadores de barras.   

 

 

 

 

 

 

Doenças e parasitos durante o cultivo – eventualmente o produtor irá se deparar com problemas de mortalidade de peixes decorrentes de doenças ou parasitoses. Doenças surgem em função de algum desequilíbrio que ocorre nos cultivos (má qualidade de água, nutrição deficiente, temperaturas extremas e manejo grosseiro dos peixes). No caso de doenças, evite aplicar produtos químicos na água ou incorporar medicamentos à ração sem orientação especializada. Procure um profissional capaz de diagnosticar o problema e ajudar na correção do mesmo.

Mais informações sobre tilápias:

Livro: “Tilápia: tecnologia e planejamento da produção comercial. 2ª. Edição”

Artigos técnicos da equipe ACQUA IMAGEM

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